segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Pato Donald já conhece o Brasil!


Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) mostra que os americanos já sabem qual é a capital do Brasil, que a música Garota de Ipanema é brasileira e que a caipirinha é genuinamente nossa!

Não é de hoje que o Brasil sempre quis contar com um parceiro chamado Estados Unidos. A recíproca, por muitas vezes, também foi, e é, verdadeira. Os americanos detêm poder geopolítico e ainda mandam no “pedaço” quando o assunto é economia.  Essas duas características sempre foram muito atraentes para uma nação de "terceira categoria", com aspirações crescentes, como o Brasil. Entretanto, como toda boa relação de parceira, o Brasil, historicamente, nunca escondeu as suas belezas aos olhos do Tio Sam. Além de bananas, nós temos riquezas expressivas como território, liderança geopolítica na América do Sul e, sobretudo, dinheiro!

As primeiras tentativas de aproximação entre os dois países não são velhas. Há quem esteja vivo e que possa relatar alguns casos. A primeira delas data da década de 1940. Notadamente, trata-se de um período de conflitos e instabilidade mundial. Um pouco antes disso, ainda em 1929, os americanos eram surpreendidos pela quebra da bolsa de valores. A década seguinte servirá de contagem regressiva para a Segunda Guerra Mundial. Entre a crise econômica e o colapso da diplomacia mundial surge uma das tentativas mais explícitas do Tio Sam para se aproximar da nação tupiniquim.

Naquela época, com o avanço do solicialismo russo e do facismo europeu,  aos americanos interessavam manter todo o continente  sob os próprios auspícios.  Nesse mesmo contexto, o presidente americano Franklim Roosevelt inaugurava a sua política da Boa Vizinhança. Em miúdos, o controle político da América era o interesse dos norte-americanos. Para selar a aliança, entra em cena uma das figuras mais conhecidas dos Estados Unidos. Pai do Pato Donald, do Mickey e do Pateta, coube a Walt Disney celebrar a aproximação do Tio Sam com o “Brazil”. Em 1942, surge o Zé Carioca, o papagaio criado por americanos para explicar – para os próprios americanos –  quem eram os brasileiros.

Não há dúvidas que o papagaio brasileiro da década de 1940 assumiu, com muita propriedade, o papel de dizer quem éramos. O Zé Carioca, antes de tudo, era o malandro, sambista, acolhedor.... a “animalização” – ou será “personificação”? – da riqueza cultural e natural do Brasil da época. O Zé Carioca era o brasileiro para americano, inglês, chinês....verem!



No entanto, os esforços não foram poucos para o Brasil ser reconhecido como parceiro dos americanos. Maiores, ainda, foram as dezenas de tentativas para explicar quem são, o que fazem, como fazem e do que gostam os habitantes da terra do futebol.  Zé Carioca, a ameaça socialista em 1964 e tantas outras intentonas contra os interesses capitais americanos não foram suficientes para fazer o povo americano conhecer os protagonistas que fazem do carnaval uma grande folia.

Mas, não está longe de toda essa história começar a ser escrita de forma diferente. Cerca de 70 anos depois, o Brasil começa a colher frutos significativos de uma mudança. O Tio Sam já conhece o Brasil! Se isso é bom ou ruim, ainda é difícil de saber. O fato é que uma série de mudanças conjunturais, principalmente de ordem econômica, tem mostrado aos americanos que o Brasil não é apenas a terra do futebol, do samba ou do carnaval.

Os últimos 10 anos significaram muito para o Brasil no sentido de solidificar a sua posição dentro do cenário internacional. Os frutos da década já começaram a ser colhidos. E os resultados surgiram lá na mesmo, na terra do Pato Donald. No primeiro semestre desse ano, o governo americano abriu mão de sua política protecionista antiterror para “convidar” os brasileiros para uma visitinha. E não é à toa que os americanos querem essa presença por lá. Em momento de crise, até vale uma facilitada para obter o visto. O brasileiro tem poder aquisitivo e quer consumir os produtos americanos. Por outro lado, eles querem vender.

Dados do Banco Central brasileiro revelam e justificam as medidas americanas. Só em 2010, 1,1 milhão de brasileiros visitaram os EUA. É como se metade da capital cearense decidisse visitar a Miami, Nova York ou, quem sabe, Las Vegas. Se o número, por si só, é expressivo, mais ainda são os gastos dos turistas brasileiros. As cifras chegam a 5,9 bilhões de dólares. Uma média de US$5 mil por cada brasileiro.

Mas da mesma forma como os americanos investem no poder de consumo do Brasil, os brasileiros respondem na mesma moeda. A nova política da boa vizinhança não apenas tem fortalecido a relação bilateral, mas tem possibilitado voos altos de setores brasileiros. O turismo é a bola da vez.

Uma pesquisa encomendada pelo Instituto Brasileiro de Turismo, a Embratur, buscou saber como anda o conhecimento dos americanos no quesito “Brasil”. Os resultados são animadores. O levantamento ouviu 1.045 pessoas, de todas as regiões dos EUA, entre os dias 16 e 23 de julho desse ano.  

Dentre os pontos observados, os americanos mandaram bem quando questionados sobre as Olimpíadas. Cerca de 35% dos entrevistados, que não ainda não tinham visitado o Brasil, responderam corretamente ao apontar o país como sede dos jogos de 2016. Além disso, chega a 66% o número de entrevistados que nunca estiveram no Brasil, mas  que responderam corretamente ao apontar o português como a nossa língua oficial. Quando perguntados sobre qual era a capital do Brasil, 52% dos americanos entrevistados que já tinham visitado o país responderam corretamente. Para aqueles que nunca vieram, o acerto ficou em 29%.

Fonte: Embratur

Os dados são ainda mais promissores quando o assunto é cultura e gastronomia.  De acordo com a pesquisa da Embratur, um em cada três norte-americanos reconhece a música Garota de Ipanema como uma canção brasileira. E cerca de um em cada cinco moradores dos Estados Unidos reconhece ícones da nossa gastronomia: caipirinha (com 21% de reconhecimento) e feijoada (20%).

21% dos norte-americanos reconhecem a caipirinha como um produto genuinamente nacional

20% dos norte-americanos reconhecem a feijoada como um típico prato nacional

Segundo avaliação do presidente do Embratur, Flávio Dino, os resultados da pesquisa são positivos tendo em vista que os Estados Unidos são o segundo maior mercado emissor de turistas estrangeiros para o Brasil. No entanto, na opinião do presidente do Instituto,  “há uma boa margem ainda para incrementarmos a divulgação de destinos brasileiros nesse mercado, visando, obviamente, aumentar o ingresso de turistas norte-americanos”.

sábado, 11 de agosto de 2012

Entre o passado e a solidão!


Novo filme de Breno Silveira, mesmo diretor de “2 Filhos de Francisco”, revela a história de um caminhoneiro a partir das músicas de Roberto Carlos.

Solidão, culpa, traição e amor. Sensações e sentimento que servem de matéria-prima para amantes e amores inesquecíveis. Uma combinação singular e bastante tempestiva que no novo filme do diretor Breno Silveira ganham a sonoridade de músicas consagradas do rei Roberto Carlos.

O longa “À beira do Caminho” revela a história do caminhoneiro João - interpretado pelo ator João Miguel. O protagonista é um homem solitário que, fugindo de si mesmo, cruza o Brasil na boleia de um caminhão. O veículo é o sustento e o pequeno “mundo” desse personagem que traz consigo marcas do passado, inicialmente, indecifráveis. São lembranças embaraçosas da sua própria vida as quais entram em cena de forma constante durante todo o filme.  Verdadeiros fragmentos de uma vida dividida entre recordações e o próprio presente.

O caminho de divisões começa a ser superado a partir do surgimento inesperado de um novo companheiro de estrada. No papel do pequeno Duda, Vinicius Nascimento dá vida à criança que vai mudar de sentido o destino de João.  O desconhecido invade a boleia e começa a delinear uma nova história no dia-a-dia do caminhoneiro. Surpreendentemente, o encontro entre Duda e João irá modificar o futuro dos dois.

A narrativa do filme se inspira e dialoga com as músicas do rei Roberto Carlos, uma homenagem do próprio diretor ao cantor. No entanto, o repertório não chega a ser um dos principais atrativos do filme, por si só a película não é empolgante. Por vezes, as músicas tornam a trama clichê assemelhando-se à cena de novela das oito.

Para quem já viu o novo filme de Breno Silveira, não há como evitar a comparação com o premiado “Central do Brasil”.  Excetuando-se pequenas diferenças temporais, no final, o resultado é quase unânime: há grandes semelhanças entre as duas narrativas, tanto no enredo como em seus personagens. Tais características tornam “À beira do caminho” um filme bastante previsível.



Por fim, um ponto positivo do longa é a sensibilidade do diretor de ter usado de locações em paisagens desconhecidas e, por isso mesmo, belíssimas. São cenas do interior brasileiro que enchem de brilho as imagens. Muito embora, tudo isso, por si só, não é suficiente para esconder a pouca criatividade e a narrativa insossa de todo o drama. 

Confira: