Pesquisa
realizada pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) mostra que os
americanos já sabem qual é a capital do Brasil, que a música Garota de Ipanema
é brasileira e que a caipirinha é genuinamente nossa!
Não é de
hoje que o Brasil sempre quis contar com um parceiro chamado Estados Unidos. A
recíproca, por muitas vezes, também foi, e é, verdadeira. Os americanos detêm
poder geopolítico e ainda mandam no “pedaço” quando o assunto é economia. Essas duas características sempre foram muito
atraentes para uma nação de "terceira categoria", com aspirações crescentes, como
o Brasil. Entretanto, como toda boa relação de parceira, o Brasil,
historicamente, nunca escondeu as suas belezas aos olhos do Tio Sam. Além de
bananas, nós temos riquezas expressivas como território, liderança geopolítica
na América do Sul e, sobretudo, dinheiro!
As primeiras
tentativas de aproximação entre os dois países não são velhas. Há quem esteja
vivo e que possa relatar alguns casos. A primeira delas data da década de 1940.
Notadamente, trata-se de um período de conflitos e instabilidade mundial. Um
pouco antes disso, ainda em 1929, os americanos eram surpreendidos pela quebra
da bolsa de valores. A década seguinte servirá de contagem regressiva para a
Segunda Guerra Mundial. Entre a crise econômica e o colapso da diplomacia
mundial surge uma das tentativas mais explícitas do Tio Sam para se aproximar da
nação tupiniquim.
Naquela
época, com o avanço do solicialismo russo e do facismo europeu, aos americanos interessavam manter todo o continente sob os próprios auspícios. Nesse mesmo contexto, o presidente americano
Franklim Roosevelt inaugurava a sua política da Boa Vizinhança. Em miúdos, o
controle político da América era o interesse dos norte-americanos. Para selar a
aliança, entra em cena uma das figuras mais conhecidas dos Estados Unidos. Pai
do Pato Donald, do Mickey e do Pateta, coube a Walt Disney celebrar a
aproximação do Tio Sam com o “Brazil”. Em 1942, surge o Zé Carioca, o
papagaio criado por americanos para explicar – para os próprios americanos – quem eram os brasileiros.
Não há
dúvidas que o papagaio brasileiro da década de 1940 assumiu, com muita propriedade, o papel de dizer quem éramos. O Zé Carioca, antes de tudo, era o malandro, sambista, acolhedor.... a “animalização” – ou será “personificação”? – da riqueza
cultural e natural do Brasil da época. O Zé Carioca era o brasileiro para americano,
inglês, chinês....verem!
No
entanto, os esforços não foram poucos para o Brasil ser reconhecido como
parceiro dos americanos. Maiores, ainda, foram as dezenas de tentativas para
explicar quem são, o que fazem, como fazem e do que gostam os habitantes da terra
do futebol. Zé Carioca, a ameaça
socialista em 1964 e tantas outras intentonas contra os interesses capitais
americanos não foram suficientes para fazer o povo americano conhecer os protagonistas que fazem do carnaval uma grande folia.
Mas, não
está longe de toda essa história começar a ser escrita de forma diferente. Cerca
de 70 anos depois, o Brasil começa a colher frutos significativos de uma
mudança. O Tio Sam já conhece o Brasil! Se isso é bom ou ruim, ainda é difícil
de saber. O fato é que uma série de mudanças conjunturais, principalmente de ordem
econômica, tem mostrado aos americanos que o Brasil não é apenas a terra do
futebol, do samba ou do carnaval.
Os
últimos 10 anos significaram muito para o Brasil no sentido de solidificar a
sua posição dentro do cenário internacional. Os frutos da década já começaram a
ser colhidos. E os resultados surgiram lá na mesmo, na terra do Pato Donald. No
primeiro semestre desse ano, o governo americano abriu mão de sua política
protecionista antiterror para “convidar” os brasileiros para uma visitinha. E
não é à toa que os americanos querem essa presença por lá. Em momento de crise,
até vale uma facilitada para obter o visto. O brasileiro tem poder aquisitivo e quer consumir os produtos americanos. Por outro lado, eles querem vender.
Dados do
Banco Central brasileiro revelam e justificam as medidas americanas. Só em
2010, 1,1 milhão de brasileiros visitaram os EUA. É como se metade da capital
cearense decidisse visitar a Miami, Nova York ou, quem sabe, Las Vegas. Se o
número, por si só, é expressivo, mais ainda são os gastos dos turistas brasileiros. As
cifras chegam a 5,9 bilhões de dólares. Uma média de US$5 mil por cada
brasileiro.
Mas da
mesma forma como os americanos investem no poder de consumo do Brasil, os
brasileiros respondem na mesma moeda. A nova política da boa vizinhança não
apenas tem fortalecido a relação bilateral, mas tem possibilitado voos altos de
setores brasileiros. O turismo é a bola da vez.
Uma
pesquisa encomendada pelo Instituto Brasileiro de Turismo, a Embratur, buscou saber
como anda o conhecimento dos americanos no quesito “Brasil”. Os resultados são
animadores. O levantamento ouviu 1.045 pessoas, de todas as regiões dos EUA,
entre os dias 16 e 23 de julho desse ano.
Dentre os
pontos observados, os americanos mandaram bem quando questionados sobre as
Olimpíadas. Cerca de 35% dos entrevistados, que não ainda não tinham visitado o
Brasil, responderam corretamente ao apontar o país como sede dos jogos de 2016.
Além disso, chega a 66% o número de entrevistados que nunca estiveram no Brasil, mas que responderam
corretamente ao apontar o português como a nossa língua oficial. Quando
perguntados sobre qual era a capital do Brasil, 52% dos americanos entrevistados que já tinham visitado o país responderam corretamente. Para aqueles que
nunca vieram, o acerto ficou em 29%.
Fonte: Embratur |
Os dados são ainda mais promissores quando o assunto é cultura e
gastronomia. De acordo com a pesquisa da
Embratur, um em cada três norte-americanos reconhece a música Garota de
Ipanema como uma canção brasileira. E cerca de um em cada cinco moradores dos
Estados Unidos reconhece ícones da nossa gastronomia: caipirinha (com 21% de
reconhecimento) e feijoada (20%).
21% dos norte-americanos reconhecem a caipirinha como um produto genuinamente nacional |
20% dos norte-americanos reconhecem a feijoada como um típico prato nacional |
Segundo avaliação
do presidente do Embratur, Flávio Dino, os resultados da pesquisa são positivos tendo em vista que os Estados Unidos são o segundo maior mercado emissor de
turistas estrangeiros para o Brasil. No entanto, na opinião do presidente do
Instituto, “há uma
boa margem ainda para incrementarmos a divulgação de destinos brasileiros nesse
mercado, visando, obviamente, aumentar o ingresso de turistas norte-americanos”.